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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

SER SACERDOTE

Muito mais que definição de palavras ou mesmo função, ser verdadeiramente um sacerdote umbandista ou de matrizes africanas ( candomblé ) requer não só preparo intelectual ou religioso, pois “ser” leva ao pressuposto de que aquele que desempenha tal função traz em si ( em seu íntimo ) valores realmente conquistados pelo exercício do dia-a-dia desta função especial para quem foi escolhido, herdou ou mesmo assumiu para si como forma de ajudar ao seu próximo através da religião que professa, e portanto deve vivenciar em sua plenitude sempre; daí, surgem inúmeros questionamentos que devemos refletir em nossa existência, quando somos responsáveis por pessoas, não importando ser um templo pequeno ou grande, pois sempre há uma ou outra questão “humana” a ser pensada e que interfere no trabalho individual ou coletivo na comunidade que escolhemos para vivenciar nossa fé.
Como sacerdote devemos através do exemplo preparar os demais membros da comunidade, sempre demonstrando o melhor caminho a trilhar, sem exageros e ainda indicando de forma embasada no bom senso que há caminhos que podemos seguir, e caminhos que apesar de podermos, devemos evitar, isso, por questão sempre da harmonia geral e da comunidade umbandista e/ou candomblecista até mesmo religiões co-irmãs, sem perdermos nossa personalidade, quer individual ou da sociedade religiosa que pertencemos.
No exercício do sacerdócio temos como tarefas primordiais e com relação aos nossos semelhantes: consolar, esclarecer e confortar sempre aqueles que nos procuram, pois muitas vezes somos uma tentativa a mais ou a última em relação ao assunto daqueles que nos procuram na jornada de nossas atividades diárias.
Levando-se em consideração o mister de servir o divino criador e suas divindades, não podemos esquecer que para tal o nosso exemplo é primordial e além do mais nossa contribuição para a comunidade e também a sociedade em seu aspecto mais amplo.
Muito mais do que “ter” o título de sacerdote, conquistado pelo trabalho dentro da seara umbandista ou candomblecista , ás vezes de forma árdua pelo tempo de preparo ou mesmo mais recentemente através de cursos de formação e informação, precisamos “ser” o instrumento que espera a divindade ou mesmo nosso criador “uno”, pois confia-nos seus filhos e também nossos irmãos para não só ampará-los, como também libertá-los através de um aprendizado metódico e de formação ético-moral e de tradição religiosa, para serem os senhores de si mesmos com o amparo dos orixás. Fato importante na vida de toda pessoa encarnada e também após, quando for dar continuidade a sua vida, já numa dimensão diferente da material, que ora aproveitamos. Será que estamos aproveitando o melhor possível ? Daí o fato de sermos lembrados e relembrados de nossos compromissos com os que vivem em nossa esfera de atuação sacerdotal e também comunitária.
Lembrem-se as pessoas têm em nós, sejamos sacerdotes ou mesmo medianeiros ( não deixam também de exercer um parcela do sacerdócio ), exemplos e necessidade de segurança em nossas ações, pois em muito já se frustraram em circunstâncias religiosas e, nestes casos, não deixamos de ser um ou novo alicerce de construção de suas esperanças e conseqüentemente obter melhor realização pessoal, nas várias atividades que desenvolvem na atual existência !
Penso que nesta atividade de serviços à nosso divino criador, não só precisamos refletir sempre, bem como estar sempre passando à diante nossos conhecimentos, para assim, contribuirmos com o todo desta classe, pois assim realizamos a socialização de nosso universo de conhecimento religioso e cultural.
Tenho sempre a absoluta certeza, que nenhuma atividade permitida por “Deus” aqui na terra é em vão, quiçá a de um sacerdote de umbanda ou candomblé.
Oxalá, possamos todos continuarmos em nossas atividades religiosas dentro do sacerdócio, com a convicção de fazermos o melhor para nossos irmãos de fé, às pessoas que nos procuram, à comunidade e para à sociedade, pois cada ser humano aqui na terra é uma expressão, senão, uma qualidade de uma divindade, que por sua vez também é uma individualização do sagrado “Senhor dos Mundos”.


• ( “Jung acreditava que Deus precisava de representantes humanos para auxiliar a encarnação de sua criação. Como Thomas Mann observa em José e seus irmãos, Deus precisou da escada, no sonho de Jacó, como um caminho para ir e vir, entre o Céu e a Terra. As visões dos seres humanos constroem essa escada a transmitem informações para o Inconsciente Coletivo da humanidade. Nenhuma “utilidade prática”, além desta, se faz necessária.” )

• ( trecho do parágrafo final do livro: “A CHAVE DO REINO INTERIOR – Inner Work” Pág. 241 – ano 1989 – Editora Mercuryo – São Paulo – Autor da Obra: Robert A. Johnson – tradução da obra original do ano 1986 por Dilma Gelli ).


O ser sacerdote não é outra coisa senão o exercício constante de ser servidor do “Divino Criador” na condição de representante humano.
Façamos o seguinte exercício de reflexão: quantas e quantas vezes não nos deparamos com situações em nosso trabalho como sacerdotes, em que somos levados a pensar sobre a utilidade prática de nossos ofícios e também com dadas orientações quanto às pessoas (?) seja através da nossa condição de conscientes ou quando em transe mediúnico com o auxílio pelos “guias” e mentores.
Somos tais como instrumentos dos ancestrais em benefício das pessoas, parentes e amigos caros dos mesmos, que aqui continuam em sua jornada diária, rumo a sua ascensão à espiritualidade maior, o “Céu de Aruanda”, o “Orum” ou “Plano Astral Superior.”
Já pensaram na responsabilidade concedida ? Somos pelas nossas visões, quer por intermédio dos “dons” recebidos de “Deus”, quer pela nossa vivência e experiência religiosa apreendida, conhecimento empírico ou de formação e informação da psicologia humana, interpretes em relação aos nossos irmãos que nos procuram na solução e busca de caminhos que levem a sua melhoria interior, espiritual e até em alguns casos material, bem como questões de saúde. Somos em última instância, praticantes de uma ciência, arte e religião de cunho espiritual que dentro de nossos cultos e ritos, sintetizam a expressão do mais sublime “modus operandi” em relação aos nossos semelhantes e “seres”, não importando a que dimensão de vida os mesmos pertençam.
Muito mais do que tentar segundo nossos interesses e valores, dar cores e interpretações pessoais aos acontecimentos e visões “espirituais”, temos o dever de compreender no âmago das coisas sua real “utilidade prática” para cada momento de nossas vidas, quer no sentido pessoal de nossa existência nesta vida, e em relação a todos os demais seres da criação.
Meu interesse pessoal aqui é contribuir com material de reflexão, deixando a cada irmão ou irmã sacerdote ou sacerdotisa, e mesmo médiuns, verificar seus valores éticos e também como utilizar na prática diária em seu templo as questões aqui apresentadas.
O sempre Forte, sincero e fraternal abraço a todos(as),
Suas bênçãos !!!

BABALORIXÁ MIGUEL D’ XANGÔ